O Sonho que salvou Jacqueline
- Regina Chaves
- 21 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Certa vez, atendi uma paciente, Jacqueline, ela estava em uma severa depressão, combinada à ansiedade. Não tinha energia para levantar-se da cama, nem para cuidar do filho, que ficava a maior parte do tempo com sua tia.
Ela procurou a terapia, porque sentia estar perdendo o controle, gritou com o filho de 2 anos, e teve ímpeto de agredi-lo fisicamente. Assustou-se com esse estado, e decidiu procurar ajuda.
A despeito de sua falta de energia, sendo formada em direito, ela resolvia todos os problemas da grande família, inclusive do pai, que não participara de sua criação. As pessoas pediam ajuda, ela reunia forças, e ia resolver, mesmo em assuntos que não lhe cabiam.
Um dia, ela trouxe um sonho, de um monstro em uma jaula, ela conversava com ele, e o libertava, ele então a levava para o topo de uma árvore, à partir de onde podiam ver um drive-in, e ele lhe contava sobre todas as coisas que aconteciam ali.
Na sessão, ela entendeu que o monstro representava sua agressividade, que estava presa, que tinha algo a dizer, a ensinar, e que poderia ser usada a seu favor, ou seja, precisava assumir sua própria força e usá-la para colocar limites nas situações à sua volta.
Isso acontece porque, muitas vezes, negamos nossos sentimentos como raiva, ciúmes e outros, que são mal vistos socialmente, e eles são colocados na “sombra”, escondidos de nossa consciência. No entanto, eles têm seu lugar, e apontam para problemas que precisam ser resolvidos, seja externamente - com as outras pessoas e situações - seja internamente, olhando para dentro e percebendo de onde vem essa dor.
Depois daquela sessão, ela me contava de cada situação em que havia posto limite, dizendo, eu peguei o meu monstrinho, fui lá e falei, x, y e z, até que as pessoas começaram a entender que não poderiam mais explorá-la ou invadir seu espaço como antes.
Com o tempo, deixou de mencionar a companhia do tal monstrinho, e entendemos que ele já estava incorporado à sua identidade.
Ao mesmo tempo em que colocava limites, ela começava a retomar a própria força, ânimo e alegria de viver. Depois de alguns meses estava tão animada, que pintou, sozinha, a própria casa, montou um negócio de venda de produtos de limpeza na garagem, e nunca mais voltou àquele estado inicial.
Hoje Jacqueline é terapeuta, fez várias formações, e continua seu autodesenvolvimento, cada vez mais empoderada.





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